Tecido coletivo de palavras

Published on março 27, 2025 by The Engine Room

Por Aída Naxhielly Espíndola, de La Sandía Digital

Viemos de lugares com muito vento.

Formamos uma rede de contadores de histórias comunitários para divulgar histórias sobre mudanças climáticas, justiça racial e gênero.

Fazemos comunicação para mudança social, exposições de fotos e textos escritos por mulheres da periferia. Também bordamos, fazemos histórias em quadrinhos e publicamos entrevistas sobre desigualdade.

Viemos plantar as sementes do rádio, de estar presente e ouvir. Buscamos alternativas de compartilhar, criar, consumir, reconhecer o espaço dxs outrxs.

Unimos habilidades e conhecimentos, pois queremos sair da lógica da competição. Semeamos outras abordagens, outras formas de nos relacionarmos com as pessoas e com a tecnologia.

Trabalhamos contra a desumanização dos corpos. E levamos essas sementes para plantá-las onde quer que voltemos.

Porque não queremos ir embora, queremos voltar. É por isso que fazemos comunidade, trabalho de base.

Queremos fazer mais coisas em nossos próprios bairros e queremos que nossos e nossas vizinhas ocupem os espaços.

Sonhamos em ter uma estação de rádio que transmita notícias locais, em ter mais presença para conversar com as pessoas. Que existam cooperativas de jornalistas que possam gerenciar suas próprias histórias. Sonhamos com captar recursos e aumentar o público…

Sonhamos em não ter que apresentar um plano de monitoramento e avaliação. Que as agências de cooperação internacional entendam que não podem nos medir da mesma forma, que o escopo que temos é exatamente esse: que trabalhamos com a comunidade, que caminhamos junto com essa comunidade.

Porque nosso vento provoca, move outras coisas. Porque somos o efeito de algo ou alguém, e a causa da transformação de outros.